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Mostrando postagens de janeiro, 2023

MAIS OU MENOS HONESTO

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MAIS OU MENOS HONESTO Certo dia, em uma aula em que meus alunos e eu discutíamos um texto, algo curioso chamou-me atenção. O periódico dava conta de uma família de catadores de papelão que havia achado vinte mil reais no lixo. Ao depararem com a quantia, fizeram o esperado: devolveram ao dono. Como recompensa pelo gesto honesto, o mandatário deu a eles cinco mil reais. Até aí tudo tranquilo. A coisa começou a ficar inusitada quando eu perguntei para a classe sobre o que eles fariam se tivessem no lugar de quem encontrou a grana. Com exceção de um estudante, os demais disseram que devolveriam. Ótimo, pensei! Quase todos estão bem encaminhados. Todavia, há ainda um único a se salvar, e eu queria entender os motivos dele em manter-se em desalinho.   Ao questioná-lo, sem nenhuma cerimônia, o tal aluno explicou-me seu plano: primeiro, eu guardaria cinco mil reais! Os quinze que sobrariam, eu devolveria. Ele iria ficar grato em receber parcialmente a quantia, assim, com certeza, me daria ao

DA SÉRIE: CARTAS DO PACHECO

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Brasilópolis, 22 de janeiro de 2023     Prezado, Zé   Aproveito o expediente e o saúdo com sincera estima e com a saudade costumeira de longa data. O motivo do contato, além do afeto genuíno da nossa amizade verdadeira, deve-se a obrigação de inteirá-lo sobre os últimos acontecimentos por aqui transcorridos, bem como da minha constante inquietação acerca da situação desse velho País. Como bem sabes, afinal foram inúmeras as nossas resenhas a esse respeito, jaz em mim um pessimismo sem fim.   Explico-me, pois bem. Ontem à tarde tombou uma carreta no trevo da entrada da cidade. Beirando a encosta, a jamanta só parou quando colidiu nos postes entranhados na guia. A carga, por volta de 37 toneladas de milho, em minutos foi saqueada pela população. Como já me conheces, andei rápido e cheguei a tempo de coletar trinta sacos; devidamente vendidos na feira local, rendendo-me quase três mil reais. O dinheiro veio em boa hora para financiar o automóvel da patroa, talvez assim ela se acalma e lar

ESCOLHA SUAS LUTAS

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ESCOLHA SUAS LUTAS Os Estados Unidos tiveram, por muito tempo, o maior exército constituído do planeta Terra. Mesmo com cerca de um milhão de homens ativos e treinados com tecnologia de ponta, nem isso foi suficiente para impedir reveses marcantes a eles. A derrota na Guerra do Vietnã, por exemplo, é tida como um retumbante fracasso. Se até os mais fortes batalhões perecem em algumas circunstâncias, por que será que nós humanos temos a pretensão absurda de triunfar em todas lutas empreendidas? Mero devaneio! Perder nunca será um problema em si, pois ganha-se aprendizados riquíssimos em viés de baixa. Entretanto, corresponde um incômodo quando escolhemos mal as batalhas. O ato de viver já nos coloca frente a inúmeras situações solicitando bastante energia e atenção. Ao decidirmos lutar em vários frontes, dividimos nossos recursos e provavelmente não lograremos êxito na totalidade. Oposto a isso, concentrando o foco em poucos combates, a chance de sucesso aumenta significativamente. Ness

PRECISAMOS SER MENOS MAL-EDUCADOS

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PRECISAMOS SER MENOS MAL-EDUCADOS Os limites de uma convivência harmoniosa pautam-se, principalmente, pelo bom senso em saber quais os espaços pertencentes a mim e quais são os dos outros. Não é à toa que esse texto começa com tal afirmação. Nada de aleatoriedade; ao contrário, há uma clara intenção de atestar o quão uma parcela significativa da população brasileira desconhece completamente princípios básicos de educação e ignoram, ainda mais, o bem-estar coletivo.  Acompanha-me nesse raciocínio e tire você mesmo suas conclusões. Ao passo da produção dessa matéria, e me servindo de argumentação à minha tese, não poderia furtar-me de dividir com o leitor o pano de fundo aqui presente: um carro popular, com seu som ligado no último volume, faz todos os objetos da casa tremerem. Das portas ao teto, tudo chacoalha, como num presságio de desabamento. Talvez o vizinho queira isso mesmo  — além de impor seu péssimo gosto musical. De fato, tolher a paz alheia, podendo causar prejuízos à audiçã