PRECISAMOS SER MENOS MAL-EDUCADOS





PRECISAMOS SER MENOS MAL-EDUCADOS


Os limites de uma convivência harmoniosa pautam-se, principalmente, pelo bom senso em saber quais os espaços pertencentes a mim e quais são os dos outros. Não é à toa que esse texto começa com tal afirmação. Nada de aleatoriedade; ao contrário, há uma clara intenção de atestar o quão uma parcela significativa da população brasileira desconhece completamente princípios básicos de educação e ignoram, ainda mais, o bem-estar coletivo.  Acompanha-me nesse raciocínio e tire você mesmo suas conclusões.

Ao passo da produção dessa matéria, e me servindo de argumentação à minha tese, não poderia furtar-me de dividir com o leitor o pano de fundo aqui presente: um carro popular, com seu som ligado no último volume, faz todos os objetos da casa tremerem. Das portas ao teto, tudo chacoalha, como num presságio de desabamento. Talvez o vizinho queira isso mesmo além de impor seu péssimo gosto musical. De fato, tolher a paz alheia, podendo causar prejuízos à audição, está longe de ser educado.

Às vezes reclamamos que nossos filhos encaram o "não" com bastante dificuldade. Já nos perguntamos o porquê disso? Esse reflexo vem de nós. O brasileiro lida pessimamente com as negativas. Ao dar um não, quem o recebe chateia-se e, em casos extremos, isola a pessoa. Dado a complexidade de gerir esse embaraço, muitos optam por mentir ou inventam desculpas esfarrapadas a fim de evitarem esse constrangimento.  Tudo seria mais simples se fôssemos mais maduros e aceitássemos os "nãos" da vida e dos semelhantes com mais tranquilidade.

Quer ver mais um aspecto que precisamos melhorar? Ambientes públicos. Por aqui, enxergamos o público como algo sem dono, logo, é de todos. Assim, posso eu quebrar as placas das ruas e os bancos das praças. Urino nas vias e as transformo em lixeiras, depositando ali todo tipo sujeira.  E caso alguém se incomode com os estragos, basta abrir a boca para reclamar da prefeitura, afinal, ironicamente falando, é dever dela reparar o patrimônio para, mais tarde, ser vandalizado novamente. 

Poderia citar outras tantas posturas pouco educadas que temos, como, por exemplo, aparecer nas casas de conhecidos sem avisar, falar alto demais, chegar atrasado, ignorar hierarquia, etc.. Infelizmente, tudo isso faz parte da cultura brasileira e tão mal nos faz. O Brasil é um país relativamente jovem, ao menos quando comparado aos do continente europeu. Contudo, com mais de quinhentos anos do descobrimento, poderíamos sim ter uma sociedade mais evoluída em vários aspectos. Falta-nos fibra para empreendermos as mudanças necessárias.

Encaminhando para o fim, aludo aqui no intuito de conscientização, jamais de difamar nossa gente. Esse tal povo brasileiro sou eu, você e todos aqueles que, em algum momento, fomos protagonistas em propagar comportamentos deseducados. Trata-se, portanto, em nos perceber cidadãos quanto mais rápido for possível. A falência do sistema escolar, somado aos desajustes enraizados no seio de muitas famílias, dificultam essa percepção, contribuindo com a formação de uma massa apática em direitos, embrutecida no convívio e totalmente absorta em seus deveres.

Somente por meio do reconhecimento do outro, do seu local, com generosa dose de empatia, poderemos tecer um tecido social mais justo e pacífico. Faz-se necessário reaprendermos valores até então esquecidos, como o bom-viver e o de se colocar no lugar do próximo. E o velho ditado sempre é conveniente nessas horas, pois meu direito termina quando o seu começa. A máxima vale para todos, inclusive ao o vizinho barulhento que tão insistentemente visa derrubar minha casa.












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