O NATAL E SEU CALDEIRÃO DE EMOÇÕES




O NATAL E SEU CALDEIRÃO DE EMOÇÕES 


Ao cair da noite do dia 24 de dezembro, vê-se, em todos os cantos habitados, movimentação alheia à de costume. Em muitas casas, o vai e vem é intenso com o intuito de organizar a ceia de logo mais. Lojas e supermercados ainda recebem clientes em busca do mantimento esquecido ou do presente de última hora. Há aqueles que preferem celebrar a data no dia seguinte, fazendo do almoço uma oportunidade legítima para comer-se fartamente e confraternizar-se com as pessoas queridas. É o Natal! Época do ano capaz de despertar diversas emoções, até mesmo a tristeza.

A explicação para isso está no fato do Natal ser uma comemoração que sugere à reunião com a família, e desse e encontro motiva-se outras coisas: como a lembrança da infância querida, fatos passados que remontam situações alegres, ou até mesmo a partida de pessoas amadas. Também evoca a reflexão acerca dos relacionamentos com os familiares e se esses são bons ou trazem mágoas. O Natal inspira um balanço dos vínculos mais íntimos e coloca em xeque a qualidade aí presente, numa espécie de validação anual a quem nos rodeia.

Além disso, faz-nos pensar os caminhos que seguimos e o quanto estamos satisfeitos com o que construirmos ao longo da jornada. Ficamos tristes e saudosos por sonhos não realizados, pelas oportunidades que não apareceram ou pelos planos destruídos no limiar da vida. Decerto, é a marca homem inquietar-se com o presente quando de posse à atenção do seu passado, mas seria equivocado responsabilizar o Natal por essa condição. Ele só é mais um elemento a constar na gama quase incalculável das relações humana.

Nessa mistura de sensações, preza-se a felicidade do reencontro com parentes distantes, do afago contido nos abraços daqueles que amamos e no calor humano exalado dos indivíduos estimados. Para alguns, o momento é propício ao perdão por conflitos até então insanáveis. Acrescenta-se a isso a alegria  das crianças em ver sua família reunida somada à expectativa genuinamente -- e compreensível -- frente à visita do Noel e seus presentes tão almejados.

Logo, assim como qualquer coisa, os sentimentos expressados no Natal também são relativos. Desde os corações mais sedentos por calor, onde enxergam nele uma possibilidade de estreitamento dos laços, até os mais reticentes, que constatam a solidão e angústia paradoxalmente em meio à presença de outros.  Todas essas percepções afloram-se no Natal e ganham dimensões nem sempre condizentes com o real estágio que estão. Para o bem ou para o mal, certamente existe um exagero de intensidade nessa etapa do ano.

Nem mocinho, nem vilão, o Natal é um mero atrativo comercial e uma desculpa para fazermos àquela bagunça. Quiçá seja por isso que muitos o ignora e, se esses pudessem, já estariam em janeiro. Calma, lá! Sejamos menos ranzinzas. Deixemos o fluxo seguir a contento. Aos que amam, que comemorem e se vistam! Aos que repelem, fujam e se isolem! Somos essência, e não será o Natal a mudar tal realidade.

Em suma, o que trazemos para o dia 25 nada mais é daquilo que fomos em todos os outros dias anteriores. E se existe uma ponta de tristeza batendo à sua porta, desatrele logo o Natal com essa história. No máximo a data irá intensificar o seu estado; mas ela não é, nem de longe, a causa. Talvez sirva como atenuante lembrar do porquê do dia hoje, daquele que aniversaria e nos deixou grandes lições. Ao seguir minimante seus exemplos, quem sabe assim não encontramos sentido para a vida e embalamos nossos corações em seu amor.


Merry Christmas!










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